Inflação
Em economia, o termo inflação pode significar:
- um aumento na quantidade de moeda corrente em circulação;
- um aumento do custo de vida ou dos custos de produção; ou
- a estimativa periódica do aumento do custo de vida ou dos custos de produção.
Significados do termo
Ao termo inflação pode ser dado qualquer um dos sentidos descritos nesta seção.
Inflação como aumento da quantidade de moeda
A quantidade de moeda corrente que circula na economia pode ser entendida como o total
- das moedas, notas e saldos dos cartões de débito, vales-refeição ou vales-transporte, mais
- os saldos dos depósitos bancários de curto prazo, como contas-correntes, poupança e aplicações que podem ser “baixadas” a qualquer momento; e
- as linhas de crédito de curto prazo abertas a pessoas físicas (cheque especial, consignados, etc) e jurídicas (Cartão BNDES e outras linhas).
Num mundo ideal, a quantidade de moeda corrente deveria ajustar-se ao nível de crescimento da atividade econômica. Se o PIB cresce 1%, a quantidade de moeda deveria crescer também 1%. Porém, se mais moeda for colocada em circulação do que a economia é capaz de absorver, seu valor real diminuirá.
Este fenômeno é difícil de ser enxergado hoje em dia pois a maior parte da moeda que empregamos é “eletrônica”. Mas no século XIX, quando o termo inflação começou a ser usado, podia ocorrer, literalmente, uma distribuição de dinheiro. Isto podia acontecer, como na Guerra Civil norte-americana, para pagar os soldados na frente de batalha. Atualmente, a forma de aumentar o dinheiro em circulação é através da redução dos juros e outras medidas de facilitação do crédito.
Inflação como aumento do custo de vida
Ao longo do tempo, observou-se que aumentos da quantidade de moeda em relação à atividade econômica tende a provocar elevações dos preços. Isto fez o termo inflação gradualmente passar a ser sinônimo de aumento do custo de vida ou do custo de produção.
Inflação como medida do aumento do custo de vida
O aumento do custo de vida ou de produção costuma ser medido através do acompanhamento do custo de alguns grupos de bens e serviços. Periodicamente, pesquisadores verificam as alterações dos preços de uma determinada cesta de produtos. Os dados coletados são usados para calcular um percentual médio ponderado que representa uma indicação da variação dos preços gerais.
Tal variação é usada para aumentar ou diminuir um indicador que tem base nos preços num dado momento do passado. Este indicador é chamado de índice de preços. No Brasil, os principais índices de preços são o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo – IPCA do IBGE e o Índice Geral de Preços – Mercado – IPG-M da Fundação Getúlio Vargas.
Formas de inflação

Entendido como aumento da seja da quantidade de moeda seja de preços, o fenômeno da inflação pode ocorrer de três formas:
- inflação de demanda;
- inflação de custos; e
- inflação inercial.
Inflação de demanda
Inflação de demanda acontece quando mais moeda entra na economia. No passado, tal aumento ocorria de forma literal, ou seja, mais moedas e notas circulando. Hoje, o mecanismo principal é a redução da taxa de juros básica da economia — os famosos “juros do Banco Central” anunciados no rádio e na TV depois das reuniões do Copom — o Comitê de Política Monetária do Banco Central.
Isto acontece porque diminuir os juros tem duplo impacto econômico. Por um lado, as aplicações de renda fixa perdem atratividade, aumentando o interesse nos investimentos produtivos. E, por outro, os empréstimos ficam mais baratos, o que facilita o consumo e, portanto, estimula a produção de bens e serviços. De fato, há um debate permanente sobre se um nível baixo de inflação — de 2 a 4% ao ano — não seria bom ou mesmo necessário ao desenvolvimento econômico.
Porém, como em toda forma de inflação, o aumento da atividade econômica leva a uma subida, mesmo que temporária, dos preços. Portanto, se o estímulo monetário não for bem dosado, a alta do custo de vida acaba eliminando os efeitos benéficos do aumento da atividade econômica.
Inflação de custos
Inflação de custos é um termo usado para designar dois fenômenos distintos mas que provocam um aumento dos preços intermediários da economia. O primeiro ocorre quando a oferta de moeda beneficia um setor ou local específico da economia. Por exemplo, um grande empreendimento imobiliário pode elevar os preços da construção civil e de outras atividades da região. De fato, no período da construção inicial de Brasília, o aumento anual do índice de preços subiu de 21% (1954) para 43% (1961).

O segundo fenômeno ocorre quando há uma quebra no fornecimento de insumos básicos da economia. O chamado choque do petróleo elevou ainda mais a já problemática inflação da década de 1970. E a interrupção das cadeias de produção e logística na pandemia de Covid-19 causou significativos aumentos no custo de vida global.
Inflação inercial
A inflação inercial ocorre quando os preços sobem simplesmente porque a sociedade acredita que os preços vão subir. É exatamente o fenômeno que tomou vulto no Brasil na décadas de 1980, levando à hiperinflação do início dos anos 90.
Imposto inflacionário
A inflação pode ser também entendida como um imposto pago pela sociedade. Por exemplo, uma pessoa com salário de R$ 10 mil pagará todo mês cerca de R$ 4 mil em impostos diversos. Isto significa que esta pessoa poderá usar apenas R$ 6 mil do que recebeu por seu trabalho.
Se além destes impostos houver também uma inflação de, digamos, 1% no mês, ela poderá dispor de menos que estes R$ 6 mil. Isto porque, durante o mês, parte do que consome aumentará de preços. Se suas despesas forem espaçadas entre início e fim do mês, o imposto inflacionário lhe tomará 0,5% de sua receita “livre de impostos”, ou seja, R$ 30.
Isto parece pouco para uma faixa de receita elevada — mas pode ser muito para quem ganhe apenas um salário mínimo!